Pensadas como encontros sensíveis, criados a partir da escuta do lugar em que acontecem. Cada proposta nasce em diálogo com o espaço físico, simbólico, afetivo e por isso, nenhuma experiência é igual à outra.

São compostas por atividades guiadas por Julia Serafim e por vezes outros convidados, onde a aquarela funciona como meio de exploração. Diferentes pigmentos, texturas, gramaturas de papeis, cerdas e pêlos de pinceis, são observados atentamente, investigando o que acontece por cima da superfície e dentro de si.

Um convite à presença: ao aqui e agora do gesto, da cor, da água, e do que nelas se revela.

Explorar como caminho de conhecimento e cuidado, guiado pela curiosidade e pela escuta. Valorizar o processo, a abertura ao acaso e o interesse por aquilo que emerge sem pressa ou finalidade. Criar um território de expressão, escuta e experimentação, onde a aquarela funciona como meio de investigação do mundo e de si.

Em contraste com o ritmo acelerado da vida contemporânea, a proposta convida à presença e à atenção ao instante. Através da arte e da observação, cada participante é chamado a investigar suas paisagens internas e perceber o mundo com mais profundidade.

O projeto nasce do percurso de pesquisa da artista Julia Serafim, cuja escuta das paisagens, internas e externas, foi sendo atravessada por conceitos como a topofilia, o afeto pelos lugares e a construção subjetiva da realidade. Movida pelo desejo de compreender como o olhar molda e é moldado pelo mundo, a pesquisa se debruça sobre a experiência da percepção, do conhecimento e da imagem como forma de acessar o inconsciente.

Julia Serafim (Florianópolis, SC, 1998) é artista, arquiteta, urbanista e paisagista. Vive e trabalha em Florianópolis, onde desenvolve uma prática que atravessa arte, ecologia e subjetividade. Em seu trabalho com aquarela, investiga as interseções entre percepção, conhecimento e emoção compreendendo a criação como uma forma de escuta do mundo e de si.

Autodidata nas artes, Serafim nunca perdeu o impulso exploratório da infância: sua pesquisa nasce do gesto de experimentar, observar e interrogar os materiais e o próprio processo. A fluidez da aquarela torna-se, em suas mãos, uma linguagem viva, capaz de expressar o movimento constante entre paisagens externas e internas.

Sua formação em Arquitetura e Urbanismo pela UDESC, com aprofundamento em paisagismo ecológico, marca o início de uma investigação mais ampla sobre como os espaços nos afetam e como os afetos, por sua vez, moldam nossa forma de habitar o mundo. Serafim compreende o ambiente como uma extensão do psíquico, e é nesse entrelaçamento que sua prática se desenvolve: um convite à sensibilidade, à escuta e à reinvenção do olhar.